Livro: Fábulas de La Fontaine

Título: Fábulas de La Fontaine Volume II- 23 Fábulas Inesquecíveis

Autor: Jean de La Fontaine

Ilustrações: Gustave Doré

Ano de Publicação das Fábulas: Entre 1668 e 1693

Ano de Publicação deste volume: 2008

Editora: Escala

Número de Páginas: 52

Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥

"Sirvo-me dos animais para instruir os homens..." - Jean de La Fontaine

O que são fábulas? Se você, caro leitor, ainda não sabe, ou não se lembra, deixa eu refrescar sua memória antes de falar sobre esse livro: fábulas são narrativas curtas, com interesse didático e que passa alguma lição de moral e ensinamento útil. "Utiliza-se de animais falantes e elementos naturais para representar alegoricamente as virtudes, traços de caráter e vicissitudes do homem, próprios de sua natureza". O francês Jean de La Fontaine foi um poeta e fabulista que popularizou a fábula no ocidente e publicou entre os anos de 1668 e 1693 doze livros de fábulas recolhidas dos fabulistas ancestrais, o gregos Esopo e o romano Fedro, somadas a outras de sua própria autoria. Livros esses que foram traduzidos e publicados em todo mundo, e fazem sucesso até hoje.

O volume II das Fábulas de La Fontaine publicado pela Editora Escala contém 23 fábulas do escritor, entre elas A Águia e o Escaravelho, O Leão e o Mosquito, A Lebre e as Rãs, O Galo e a Raposa, O Leão e o Rato, O Moleiro, Seu Filho e o Jumento e o Lobo Disfarçado de Pastor. Sua escrita se caracterizava pela forma de rima e versos leves, também tendo algumas em prosa. Tem também ilustrações do mestre gravurista francês Gustave Doré, do século XIX. Mas você deve conhecer outras fábulas de La Fontaine e não deve estar se lembrando: lembra-se da cigarra que só sabia cantar enquanto a formiga trabalhava para ter comida no inverno? Como toda fábula, está passa-nos uma lição: "não penses só em divertir-te; trabalhe e pense no futuro; é melhor estarmos preparados para os dias de necessidade".

Ou da raposa e a cegonha, que a raposa, querendo pregar uma peça, chama a cegonha para um jantar, mas como tinha um bico grande não conseguia comer num prato raso; então ela se vinga chamando a raposa para jantar, que não consegue comer porque o seu focinho era curto para comer num prato de fundo longo. Moral da história: "não faça com os outros aquilo que não queres que te façam".  A do Leão e do Rato, também muito popular, passa a lição de moral de que devemos ser gratos à aqueles que nos ajudam e a ter paciência em vez de usar da força e fúria para resolver problemas difíceis:

"Saiu da toca aturdido 
Daninho pequeno rato, 
E foi cair insensato 
Entre as garras de um leão. 
Eis o monarca das feras 
Lhe concedeu liberdade. 
Ou por ter dele piedade, 
Ou por não ter fome então.
Mas essa beneficência
Foi bem paga, e quem diria! 
Que o rei das feras teria 
Dum vil rato precisão! 
Pois que uma vez indo entrando 
Por uma selva frondosa, 
Caiu em rede enganosa, 
Sem conhecer a traição.
Rugidos, esforços, tudo
Balda sem poder fugir-lhe; 
Mas vem o rato acudir-lhe 
E entra a roer-lhe a prisão. 
Rompe com seus finos dentes 
Primeira, e segunda malha; 
E tanto depois trabalha, 
Que as mais também rotas são. 
O seu benfeitor liberta, 
Uma dívida pagando, 
E assim à gente ensinando 
De ser grato a obrigação. 
Também mostra aos insofridos, 
Que o trabalho com paciência 
Faz mais que a força, a imprudência 
Dos que em fúria sempre estão."

Ler esse volume me fez lembrar de minha infância, quando lia essas histórias, as vezes entendia e as vezes não (risos). Hoje lendo-as novamente, pude perceber o quanto é importante que essas histórias, que para muita gente são bobinhas, sejam lidas para nossas crianças, pois passam um ensinamento de valores que parecem há muito estar perdidos. Como dizia Pitágoras, "Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos".  Tem também muito adulto precisando lê-las novamente. Recomendo e boa leitura!

P.S.: encontrei esse link com algumas fábulas de La Fontaine. Divirta-se :D