24/10/2016

Livro: A Face dos Deuses - As Crônicas da Aurora Vol. 1

Título: A Face dos Deuses - As Crônicas da Aurora Vol. 1
Autor: Gleyzer Wendrew
Editora: Kiron
Ano de Publicação: 2016
Número de Páginas: 180
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥
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"- Justo? Não existe justiça no mundo dos homens!"

Saindo um pouco do Outubro das Trevas, hoje eu vos trago um livro de fantasia, ação e aventura. Em A Face dos Deuses, traições, morte, política e deuses estranhos convivem lado a lado num mundo onde os horrores de uma Longa Guerra ainda não foram esquecidos.

Sinopse: Heros Kinnhäert, rei de Maäen, ainda é atormentado pelos horrores vividos durante a Longa Guerra, e tudo que deseja é descansar em paz. Mas ao saber da terrível aliança entre dois grandes senhores, vê-se preso em uma teia de conspirações nunca antes vista, e não medirá esforços para evitar a destruição de seu país…
No Norte, Koran K’Voöhk é um orgulhoso guerreiro que retorna à sua cidade após o exílio que lhe foi imposto ainda garoto, e depara-se com a mais pura decadência: sua Família está em declínio; seu castelo, abandonado aos ratos; seus inimigos, ainda mais poderosos… Conseguirá ele reerguer o nome de sua Família e recuperar o prestígio que ela um dia tivera?
Mentiras, laços frágeis, falsas emoções e adagas traiçoeiras permeiam um mundo cercado de religião, política e deuses misteriosos.

Escrito pelo autor brasileiro e nosso parceiro Gleyzer Wendrew, o primeiro volume das Crônicas da Aurora conta a história de três reinos pertencentes ao continente Dünya: Vatra, Venn e Maäen. Acompanhamos os acontecimentos deste primeiro livro sob o ponto de vista dos personagens principais. Fã de Tolkien, Bernard Cornwell e George Martin, Gleyzer conseguiu colocar em seu livro o que aprendeu com esses três mestres da fantasia épica. Essa resenha poderá ter alguns spoilers, eu vou tentar soltar o menos possível, mas por se tratar de um livro que relata muita coisa em poucas páginas, fica difícil se controlar e não deixar escapulir alguma coisa.

mapa de Dünya

Somos apresentados aos três reinos e suas respectivas cidades. No passado, houve uma grande guerra entre eles que ficou conhecida como a Longa Guerra. Milhares de almas foram ceifadas nesse conflito e, até o momento presente da história, os horrores dessa guerra ainda eram sentidos por todos os lados. Em Maäen, conhecemos a família do rei Heros Kinnhäert, que perdeu cruelmente o irmão mais novo Humbro durante a Longa Guerra, uma perda que o deixou muito abalado. Humbro era muito querido por todos em Maäen, e muito amado por Heros. Sua morte provocou desolação em todo o reino, que via no jovem Humbro um símbolo de força e esperança.


Kazoya Vennian é o chefe do reino de Venn. Kazoya no passado fora um vigoroso guerreiro, mas agora tinha a aparência de um velho apático e com aspecto doente. Seu estado se deve ao desaparecimento do Tesouro de Venn, há 9 meses. Este tesouro era ninguém menos que sua filha Soraya. Kazoya apelou para Heros várias vezes em busca de ajuda para encontrar sua filha. Mas todas as tentativas do chefe venniano foram ignoradas. Foi então que Kazoya decidiu unir forças com o reino de Vatra para tentar encontrar sua filha, o reino que havia dado inicio à Longa Guerra. Vatra é governarda por três representantes das principais famílias. Dentre eles temos o general Cleyo Blo'Siänkh, o responsável pelas tramas que culminaram na Longa Guerra. Cleyo é um homem sagaz e disposto a passar por cima de quem for para atingir seus objetivos. Vatra é um reino cruel e um país sombrio. Os habitantes cultuam ao extremo Fyaär, o deus do ódio, tornando o país famoso por sua crueldade e brutalidade. Os fyaärianos são conhecidos por nascerem com a "dádiva de Fyaär" em suas testas (uma marca que queima de acordo com suas emoções). Quem não nasce com a dádiva é considerado um "infiel".

Após a Longa Guerra, nenhum tratado de paz foi selado entre os três reinos. Apesar de viverem aparentemente em pacificidade, qualquer ameaça de um novo desentendimento poderia desencadear um novo conflito muito pior que o primeiro, que ainda nem havia sido cicatrizado por completo. Cleyo sabe muito bem disso, e sua estratégia é justamente selar um acordo com Venn, deixando Heros e o povo maäeno desestabilizados e vendo apenas como saída aceitarem as condições do chefe vatriano - levar Antau Kinnhäert, filho de Heros, como escravo para ser criado em Vatra.


Outro personagem que se destaca em A Face dos Deuses é o fyaäriano Koran K'voökh. Conhecido como o "Ceifador de Almas", Koran foi obrigado a se exilar para salvar sua própria vida ainda na infância, onde aprendeu a ser um poderoso e cruel guerreiro. Anos depois, ao retornar a Vatra viu que sua família, outrora importante, havia entrado em ruínas. No decorrer do livro acompanhamos as tentativas de Koran para recuperar a glória e o prestígio de uma das mais poderosas, cruéis e antigas famílias vatrianas.

A religião é muito mencionada na história. Gostei bastante das descrições dos deuses, presente no apêndice do livro, que representam um estado de espírito: Aehla é a deusa da esperança; Fyaär, como já citei, é deus do ódio; Läa, a divindade da tristeza; Sünnt é o deus-sol; Sürm é o deus do caos; Vaäth, a deusa do medo e do desespero; e por fim Vhäel, como representante da vida. Outro ponto interessante do livro são os desenhos dos símbolos do brasão de cada família importante em toda Dünya. Abaixo seguem alguns exemplos:

 


Pequeno mas intenso, A Face dos Deuses é um livro bastante peculiar. No início, com tantos personagens e nome estranhos, foi natural eu não ter entendido algumas coisas (normal, quem lê Tolkien pela primeira vez por exemplo, se sente da mesma forma). Mas depois o enredo vai tomando seu rumo e a coisa vai se tornando mais empolgante. Cleyo e Koran são meus personagens favoritos, juntamente com Antau. Cleyo é um lobo em pele de cordeiro; suas tramoias egoístas nos leva a um personagem que amamos odiar. E Koran é um jovem cruel, orgulhoso e sádico, mas que tem um passado sombrio e penoso. Antau é ainda um jovem garoto que se vê nas mãos dos mais cruéis fyaärianos e jurou vingança por tudo que fizeram e ainda vão fazer com ele e sua família. 

"- Você ainda será kennëg um dia, Henrik, e precisa entender que às vezes temos que fazer escolhas difíceis, muitas delas sacrificando as pessoas que mais amamos, para o bem do país e das pessoas que vivem nele."

Eu não acredito que essa história tenha exatamente vilões e mocinhos. Assim como os autores de quem Gleyzer é fã, os personagens desse livro te faz sentir por eles cumplicidade e raiva ao mesmo tempo . O universo criado por Gleyzer se estenderá por mais 3 volumes, e segundo ele, o volume 2 já está em andamento. E eu? Já estou louquinha pelo próximo! A escrita do autor é muito boa - ele não fica preso a detalhar muita coisa, o que deixa o livro mais fácil depois de algumas páginas, mas mesmo assim consegue ser uma história rica em detalhes (não sei se dá pra entender meu ponto de vista rs) - e a editora também está de parabéns: a capa é linda e as páginas amareladas e bem grossas melhoram a leitura e evitam certos acidentes. Recomendo e boa leitura! Para mais informações, acesse o Site Oficial das Crônicas da Aurora.


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