Autor: Bernard Cornwell
Editora: Record
Ano: 2012
Número de Páginas: 375
“Todo dia é um dia comum, pensei, até que fica interessante.”
Autor das trilogias As Crônicas
de Artur e A Busca do Graal, Bernard Cornwell conta em sua série Crônicas
Saxônicas a história de Uhtred de Bebbanburg, ou Uhtred Uhtredson, um senhor e
guerreiro saxão que teve sua juventude vivida entre os vikings dinamarqueses, e
a do Rei Alfredo o Grande, que governou Wessex na Inglaterra durante o século
IX.
(Spoilers do 5º livro) No último
livro, Terra em Chamas, Uhtred lida mais uma vez com a questão de cumprir seu
juramento ao rei Alfredo, este cada dia que passa mais doente, ou realizar seu sonho de
retomar Bebbanburg, a fortazela da sua família. Os dinamarqueses haviam
fracassado em tomar Wessex, mas a vitória parecia estar por vir, pois contavam
com a liderança de Harald Cabelo de Sangue. Alfredo então deposita sua
confiança em Uhtred, que inflige aos vikings uma de suas maiores
derrotas. Porém Uhtred não leva as honras pelo sucesso da batalha, e sim
seu primo Æthelred. Para completar, Uhtred espancou em um padre que acusou Gisela em frente a corte de Wessex
de ser bruxa (entre outras coisas) logo após sua morte e com isso ele jura jamais
servir o reino saxão novamente. Então Uhtred foge e se une ao seu antigo amigo
e irmão Ragnar, este unido a Haesten, para tentar conquistar Wessex. Uhtred crê
que esta é a única forma de reconquistar Bebbanburg. Porém, como “Wyrd bið ful
aræd”*, a filha de Alfredo, Æthelflaed, cobra um antigo juramento que Uhtred
lhe fez, e este não sabendo lhe dizer não, retorna e toma a frente do exército
derrotado da Mércia, rumo a uma batalha inesquecível, contra o exército de
Haesten.
Depois de derrotar o exército de
Haesten em Beamflot, outro perigo se aproxima: a morte de Alfredo, o Grande.
Eduardo, seu filho e herdeiro do trono não tem a mesma popularidade que ele e
possui muitos inimigos. Com a saúde extremamente debilitada, a qualquer hora o
rei pode morrer e os dinamarqueses só pensam em se aproveitar desse momento
para finalmente conquistar Wessex, contando com o primo de Alfredo, Æthelwold,
que sempre desejou o trono de Wessex.
Alfredo fará de tudo para
garantir que a paz que instaurou em seu reino perdure após sua morte. Para
isso, ele conta com Uhtred. A relação de desconfiança e admiração estabelecida
entre o rei e o saxão tornou-se ainda mais complexa depois que Uhtred
conquistou a filha de Alfredo, Æthelflaed, mulher casada que se tornou sua
amante.
Com a morte do rei, inicia-se um momento de
tensão e incertezas no reino, além de abrir as portas para eventuais traições.
Uhtred, braço direito do falecido rei, assume para si a responsabilidade de
manter o país em ordem enquanto os problemas a respeito da sucessão não se
resolvem. Aparentemente, a situação é de paz. Mas Uhtred, muito inteligente e
desconfiado, não acredita que essa “paz” durará muito tempo, e começa a por em
prática seus planos de expulsar definitivamente a ameaça viking da Britânia. Sua obstinação o levará a
confrontar velhos inimigos e ressuscitar antigas rivalidades. Cada passo em seu
caminho parece esconder uma armadilha e, para sobreviver a uma das maiores
crises do reino de Wessex, Uhtred precisará da ajuda de todos os seus amigos.
Porém, em tempos difíceis, a linha entre a lealdade e a traição torna-se cada
vez mais tênue.
O livro termina dando a entender
que muita coisa ainda está por vir e, portanto Morte dos Reis não será o último
da série Crônicas Saxônicas. Posso falar? Não foi dessa vez que Uhtred retomou
Bebbanburg, mas essa conquista se torna cada dia mais próxima. Cornwell mais
uma vez nos surpreende com uma narrativa cheia de intrigas, traições, batalhas e
uma pesquisa histórica completa, apesar de sabermos que o personagem principal
não passa de ficção. Acompanhamos a história de Uhtred desde sua infância e vemos em Morte dos Reis um Uhtred mais velho, um "coroa", porém mais experiente e não menos mortal do que antes. Mas quem é Uhtred se não a descrição fiel da maioria dos guerreiros
saxões que viveram e lutaram na Inglaterra nos anos de 800-900 d.c.? Aliás, os
livros em si descrevem muito bem a história da unificação da Inglaterra, do rei
Alfredo e dos vikings dinamarqueses do século IX! Eu ainda preciso dizer que
recomendo? Boa leitura!
*O destino é inexorável.
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