30/07/2014

Livro: Madame Bovary

Título: Madame Bovary
Autor: Gustave Flaubert
Tradutor: Nabuco Araújo
Ano da Primeira Publicação: 1875
Editora: Abril
Ano de Publicação desta Edição: 1981
Número de Páginas: 257
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥

"E por isso eu culpo toda e qualquer manifestação esotérica, pelo meu amor volúvel que vai para qualquer pessoa que me desperte algo que valha terminar o dia, e sendo assim é mais fácil despejar em alguma coisa impalpável a minha incapacibilidade de ser como o resto das pessoas.
Porque eu nunca tive motivos para acreditar em nada que dure para sempre."

Primeiramente preciso dizer que esse livro foi um escândalo para época. Para quem o lê hoje, não há nada de mais, além do fato da esposa trair o marido (uma coisa errada mas tão comumente exposta nos dias de hoje). Para o século XIX tinha tudo que não podia ter num romance. Gustave Flaubert inaugurou a narrativa moderna e realista com Madame Bovary. A nossa falta de espanto está justamente aí, porque depois dele, outros livros com o mesmo tom de escandaloso começaram a aparecer, e óbvio, se tornou comum. Mas que foi uma revolução na literatura, ah foi. Gustave foi até acusado de ofender a moral e a religião, e foi levado aos tribunais, onde soltou a famosa frase: "Madame Bovary ces't moi!" (Madame Bovary sou eu!). Foi absolvido pela justiça, mas para os  metidos a puritanos, historiar adultérios ainda era um absurdo.

O livro narra a história de Emma, uma garota sonhadora e ambiciosa que deseja ver sua vida seguindo os mesmos passos das personagens dos seus livros de romance, ricas, belas, amadas. Primeiramente conhecemos Charles Bovary na escola de Medicina, um homem tímido e atrapalhado. Este se casa com uma senhora mais velha e viúva e, ao atender um chamado de emergência numa fazenda, conhece a filha do paciente, a jovem Emma, por quem se apaixona.  A esposa de Charles sente ciúmes, falecendo pouco tempo depois. Após a morte da esposa, Charles pede Emma em casamento e esta aceita. O casal se muda para uma pequena cidade no interior da França, onde Charles irá trabalhar como médico. 

É nesse ponto que finalmente conhecemos Emma Bovary (que até então ainda não era chamada por Madame, apenas Senhora). No início sentimos pena da pobre Emma, não tinha muitos luxos quando vivia com o pai, casou-se cedo demais, não aproveitou a vida, e ao conhecer as festas e deslumbres da sociedade francesa, sente urgência pela aventura e pelo que é diferente e requintado. Ao viver com o marido, sabe que este a ama demais, mas é um homem tedioso, que não vê a vida como a esposa, segue a mesma rotina todos os dias. Seu amor sincero e devoção apaixonada não eram o bastante para Emma.

Nem mesmo o nascimento da filha dá alegria ao indissolúvel casamento ao qual a protagonista se sente presa. Como muitas mulheres, até as mais modernas, são presas ou pela família ou pelo marido ou pela sociedade e não podem vivenciar as suas paixões. É nesse momento que Emma começa a ter amantes, buscando liberdade para essa sua vida angustiante, como Rodolfo, com quem planeja fugir, mas este desiste e a deixa em meses de depressão; e depois León. Com o decorrer da narrativa e as atitudes de Emma, sempre insatisfeita e difícil de agradar, passamos a detestá-la rsrs. A agora Madame Bovary se torna uma personagem chata, uma mulher desequilibrada, que gasta todas as posses do marido para satisfazer seus caprichos, comete tantas burrices que você chega a desgostar dela. Mas logo vemos que não passa de uma pobre coitada, que tinha tudo para ser feliz (pelo menos tudo que a sociedade "pura e casta" ditava), mas não conseguia, ansiava por mais.

Em Madame Bovary há poucos diálogos, o livro é todo narrado em terceira pessoa, mas não parece um narrador onisciente; parece que cada descrição é feita por um personagem diferente, de forma que o leitor visualiza a história por vários pontos de vistas e não por um só. Uma jogada brilhante de Gustave. Clássico do século XIX, recheado de críticas ao modo de vida burguês e seus valores, e ao clero. Uma leitura lenta, mas que desperta muitas emoções. O final é digno de um drama e eu não vou contá-lo para vocês. Quem quiser saber, vai ler o livro ou ver os vários filmes já lançados baseados nessa história, o último em 1991 (teve uma minissérie da BCC em 2000 também); parece que agora em 2014 vai sair mais um. Se até Valeska Popozuda e Tufão de Avenida Brasil já leram, o que é que você está esperando? Boa leitura!


Um comentário:

  1. Olá! Não li este livro ainda, mas pelo que a minha professora de Literatura fala, é excelente! hehehe Quando ela contou mais ou menos a história, fiquei com muita vontade de ler, mas no momento tenho outros livros na fila... =P

    Adorei a resenha! Muito lindo o blog, parabéns!!

    Beijos
    albumdeleitura.blogspot.com.br

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