06/07/2016

Livro: Os Filhos de Anansi

Título: Os Filhos de Anansi (Anansi boys)
Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Ano de Publicação: 2015
Número de Páginas:328
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
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"Histórias são como aranhas, com toda aquelas pernas compridas. E histórias também são como teias, coisas em que os homens acabam se embolando, mas que parecem lindas quando as vemos sob uma folha coberta pelo orvalho da manhã, além de terem a mesma forma elegante de se  conectarem uma com as outras, todas juntas."

Kkkkkkk. Já começo a resenha rindo. Acho que, depois de Perdido em Marte, esse foi um dos livros mais engraçados que li nos últimos anos ! Os Filhos de Anansi foi o meu primeiro Gaiman e o primeiro livro que li do projeto Livros Viajantes, que a gente anunciou aqui (com o nome errado) no finzinho de maio. Vou te contar por que eu já comecei rindo.

Pra quem não conhece, Anansi é um homem-aranha (não tem nada a ver com Peter Parker) de uma antiga lenda africana que dizia que todas as histórias do mundo se tornaram histórias de Anansi depois que ele presenteou o deus do céu Nyame com o que ele havia pedido: a Python, o Tigre, o Marimbondo e a Fada. Ele era muito esperto e trapaceiro, e conseguiu enganar esses quatro seres para obter todas as histórias para si. E então todas as histórias passaram a ser sobre Anansi.

Olha o Tigre ali,
espreitando Anansi!

Em Os Filhos de Anansi, Charles Nancy, ou Fat Charlie como é conhecido por todos, é um cara que desde criança era muito introvertido. Meio gordinho e muito, mas muiiiiito tímido. Sua timidez só aumentava cada vez que seu pai, o sr. Nancy, aprontava consigo: como quando o fizera acreditar que era o Dia do Presidente e que todas as crianças deviam ir fantasiadas de presidentes dos Estados Unidos para a escola. Fat Charlie foi vestido de Howard Taft (um terno marrom com um travesseiro na barriga e um bigode pintado). Quando finalmente chegou à escola acompanhado do pai, percebeu que não passava de uma travessura do velho Nancy e acabou pagando um mico daqueles... Com um pai desse quem precisa de inimigo?


Depois de um tempo, Fat Charlie foi morar no Reino Unido, longe das brincadeiras do pai que tanto o atormentavam. Fez de tudo para esquecer de onde veio, até seu sotaque ele perdera. Levava uma vida pacata, trabalhando como contador numa empresa com um chefe rabugento, e tinha uma noiva, Rosie, com quem nunca havia dormido, afinal ela tinha aquela coisa de #EuEscolhiEsperar. Tinha uma sogra um tanto quanto insuportável que o detestava, mas ia levando a vida. Nunca mais tinha ouvido falar no pai, quando resolve, à contragosto, telefonar para uma amiga da família, a Sra. Higgler, para convidar o pai pro seu casamento. Então descobre que o velho Nancy havia falecido.

"-Coisas. Elas surgem. É o que as coisas fazem. Surgem. Não dá para esperar que eu consiga acompanhar todas."

Fat Charlie viaja para a Califórnia para o enterro, faz um discurso memorável (bote memorável nisso, pode esperar boas risadas) e acaba por ele mesmo enterrando o caixão do pai. Numa visita à antiga casa do pai, onde reencontra as velhas vizinhas e amigas da família, Fat descobre que seu pai era o deus Anansi e que ele (Fat) tinha um irmão que havia herdado os poderes do deus e que fora mandado embora, sendo esse fato escondido de si durante toda sua vida. Mas se ele quisesse, podia contatar seu irmão. Bastava falar com uma aranha...

"Existem muitos tipos de veneno de aranha. Às vezes demora bastante para uma picada fazer efeito. Biólogos passaram anos estudando isso: há aranhas cujo veneno pode fazer o local afetado necrosar e morrer, o que às vezes pode acontecer mais de um ano após a picada. E por que as aranhas fazem isso? É simples: porque acham engraçado. E porque não querem que você se esqueça delas."

Gente, bem que a Milena falava: Gaiman é maravilhoso! O cara tem uma escrita perfeita e que te envolve e te prende como numa teia (olha o trocadilho)! Sem contar nas inúmeras passagens engraçadíssimas da história. Ele conseguiu criar um personagem muito tímido e, justamente por essa timidez, que os acontecimentos que permeiam sua vida são engraçados. Tenho muita dó de Fat Charlie. Seu relacionamento com o pai, o velho Nancy com seu chapéu Fedora verde, que vivia lhe pregando peças, seu chefe insuportável que se mostra mais a frente um verdadeiro problema, sua sogra que o odeia, e principalmente, a rixa com seu irmão Spider (olha o nome), que é o completo oposto seu - eu imaginava uma mistura de príncipe Naveen (A Princesa e o Sapo) com o descolado Eddie Murphy em Professor Aloprado: um cara bonito, descolado, cafajeste, pegador, que convencia qualquer pessoa e podia ir a qualquer lugar. E não tinha nada de tímido. E por isso mesmo é encantador, enquanto por Fat Charlie, sobra apenas o sentimento de pena. Quando Fat Charlie resolve convocar o irmão, sua vida vira de ponta-cabeça.


Os Filhos de Anansi é um daqueles livros que outro personagem rouba a cena do principal, onde ficamos com dó deste e esperamos que ele consiga vencer seus medos e tome o brilho para si novamente. Além de mesclar as incríveis histórias da lenda de Anansi, que davam uma certa explicação para as coisas que aconteciam na história. E como foi o meu primeiro livro do projeto Livros Viajantes, eu rabisquei meeeesmo, até desenhos eu fiz rs. Nunca fui de riscar livro, mas achei uma experiência interessante! O livro não é só comédia como parece, mas Gaiman conseguiu brilhantemente envolver um mistério policial no meio da coisa. Nota dez! E Intrínseca, parabéns pela edição, está excelente e lindíssima! Boa leitura!





P.s.: Vai ter vídeo comigo e com a Mila pra falar desse livro em breve, aguarde! *-*

P.s. 2: Tinham que ser aranhas? Não podiam ser borboletas?


3 comentários:

  1. Tô bastante ansiosa para ler Gaiman, mas acho que começarei com Um Oceano no Fim do Caminho! Sua resenha ficou ótima, seguindo o blog, beijos

    literalizza.blogspot.com

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  2. Gostei da resenha =3
    Esse livro parece mesmo bem engraçado haha. A história é bem convincente e ainda por cima, conta sobre lendas africanas. Super interessante!

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  3. Parabéns pela resenha Mari, quero ler...

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