Autora: Cremilda de Araújo Medina
Editora: Ática
Ano de publicação: 1990
Número de páginas: 96
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"Por mais distanciamento que se imponha ao lidar com outro ser humano - o entrevistado -, não se evitará nunca a interferência do eu subjetivo do entrevistador."
O livro Entrevista – O Diálogo Possível, escrito por Cremilda de Araújo Medina, doutora em Ciências da Comunicação e professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, publicado em 1990 pela editora Ática, apresenta um ensaio sobre a entrevista.
Medina defende em seu livro que a entrevista deve ser muito mais que uma técnica para se obter informações através de questionários estagnados e pré-estabelecidos – modelo mais apreciado pelos jornalistas –, e sim abraçar uma inter-relação entre entrevistador e entrevistado mais humanizada, por meio do diálogo possível. Para Medina, o modelo de questionário apenas técnico e hermético seria decepcionante não só para o repórter e a fonte de informação, mas também para outro envolvido no diálogo: o receptor. Segundo ela, esse modelo somente técnico da entrevista dificulta a comunicação e ignora a importância do diálogo.
A autora destaca algumas atitudes que devem ser adotadas para melhorar o desempenho durante a entrevista: ter conhecimento do tema; o entrevistador deve estar sempre preparado, conhecer um pouco de tudo, sobre os mais variados assuntos; a personalidade do entrevistador deve ser a mais dialógica possível, evitando o monólogo; considerar a dinâmica de bloqueio e desbloqueio (desarmar o entrevistado) em todas as entrevistas; entre outros aspectos. A autora destaca também que, mais importante do que o domínio das regras da norma culta da língua portuguesa, é saber expressar o diálogo com fluência e clareza na hora de transcrever a entrevista.
Medina comenta ainda que o receptor da matéria jornalística - leitor, ouvinte ou telespectador – consegue sentir a autenticidade e a emoção do discurso entre o repórter e o entrevistado, quando existe o fenômeno da identificação. Nesse momento, a entrevista se aproxima de um diálogo interativo. Da mesma forma, caso a entrevista seja focada em questionários, ou quando o jornalista se preocupa apenas em cumprir a pauta que lhe foi exigida pela redação do jornal, o receptor também nota a ausência do diálogo.
A autora classifica as entrevistas em dois grupos: espetáculo e compreensão – existem entrevistas cujo propósito é espetacularizar o ser humano, enquanto outras têm a intenção de entendê-lo. O livro também comenta as formas de narrar e como encontrar o foco da matéria. Ela menciona as estruturas da narrativa, o modelo linear – amplamente utilizado no jornalismo (com o lead e a pirâmide invertida) – e o modelo fragmentado, o mosaico - considerado por Abraham Moles, engenheiro e doutor em física e filosofia (tudo a ver, né?), como o modelo ao qual o homem contemporâneo está sob permanente estimulação. Medina conclui o livro reafirmando a necessidade da implantação do diálogo possível para evitar que o jornalismo entre em decadência.
"O equilíbrio entre inovação a serviço da expressividade e clareza a serviço da eficiência da mensagem - eis o segredo do Diálogo Possível na formulação da entrevista, na estruturação de uma matéria e na definição do foco narrativo." p. 83
O livro conta ainda com um vocabulário crítico e uma bibliografia comentada, que servem de apêndice para a melhorar compreensão do assunto e, caso queira, o leitor possa se aprofundar teoricamente sobre o mesmo. Entrevista - O Diálogo Possível destina-se a todos os interessados em Comunicação Social e traz uma abordagem prática de quão fundamental é o diálogo para o bom exercício do jornalismo.
Apesar da linguagem não ser difícil, eu precisei de certa paciência para concluir esse livro. Tive que voltar e reler vários parágrafos para entender melhor, até porque a leitura dele foi meio que uma "obrigação" (já que a maluca aqui resolveu fazer uma segunda graduação, culpa em partes desse blog), então eu precisava compreender o que lia pra fazer uma atividade. No mais, acredito que a leitura desse livro - mesmo que não seja exigido por um professor - deveria ser obrigação de quem deseja enveredar pelos caminhos do jornalismo. Boa leitura!
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