O Morro dos Ventos Uivantes

Livro: O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heigths)
Autor: Emily Brontë
Editora: Art Editora
Ano: 1847
Número de Páginas: 372

“Era uma criança taciturna e paciente, talvez endurecida pelos maus-tratos. (...) Na verdade, tão pouco se queixava das pancadas que recebia que eu julgava não ser ele vingativo. Estava completamente enganada.”

O Morro dos Ventos Uivantes foi o único romance da escritora britânica Emily Brontë, uma das três irmãs Brontë que encantaram os leitores ingleses na metade do século XIX. Considerado um clássico da literatura inglesa, é uma história que envolve ódio, raiva, vingança, racismo e principalmente amor. Mas não aquele amor leve, pacífico, saudável. Aqui a coisa é tóxica mesmo!

A história é narrada pela testemunha ocular de todos os acontecimentos, uma governanta chamada Nelly Dean. Tudo começa com a chegada de um novo inquilino na Thrushcross Grange (Granja dos Tortos), o Sr. Lockwood. Cordial e amistoso, ele procura seu senhorio para uma visita, e acaba surpreendido por diversas desavenças vindas de seu anfitrião e família, impelindo-o a curiosidade de entender mais sobre a dinâmica e história da casa do Morro dos Ventos Uivantes. Aí é que entra a Sra. Dean, que sacia a curiosidade do Sr. Lockwood, contando-lhe os fatos que presenciou durante todos os anos em que viveu na fazenda  Morro dos Ventos Uivantes.

Alguns anos antes, o patriarca da família Earnshaw retorna de uma viagem trazendo consigo um pequeno órfão, que todos acreditam ser um cigano de origem moura, porém ninguém sabe ao certo de onde vem. Dão-lhe o nome de Heathcliff, ao qual prontamente o Sr. Earnshaw demonstra nutrir uma enorme afeição. Isso enciúma seu filho legítmo mais velho, Hindley, que acredita estar perdendo o amor do pai para Heathcliff. Já sua irmã Catherine logo vê em Heathcliff um amigo para brincadeiras, e acaba se afeiçoando por ele.

Quando o Sr. e a Sra. Earnshaw morrem, Heathcliff passa a ser humilhado ainda mais por Hindley, ficando cada vez mais bruto e deprimido. Apesar do amor entre ele e Catherine, ela decide se casar com Edgar Linton, por este ter melhores condições de sustentá-la do que Heathcliff.

Ao tomar ciência dos acontecimentos, porém sem saber que Catherine o ama, Heathcliff parte do Morro dos Ventos Uivantes, voltando alguns anos depois muito rico, e despertando ciúmes no marido de Catherine. Esta tem uma filha com Edgar, chamada Cathy, porém Catherine morre logo depois do parto, antes revelando a Heathcliff que sempre o amou.

Nesse meio tempo, Heathcliff, retorna para se vingar de Hindley e Edgar. Heathcliff de nada se arrepende, pois como o próprio diz "não me arrependo de injustiças, pois não cometi nenhuma; não me arrependo de nada". Mas é igualmente cheio de emoção e obsessão por Catherine, e todo o seu ódio àqueles que o envolvem é justamente consequência de toda mágoa que ele sente.

Seria Heathcliff um vilão, ou apenas um fruto do meio em que vive, maltratado e humilhado por todos ao seu redor, cuja paixão é tão intensa que chega a destruir a si mesmo e aos outros. Assim somos conduzidos por uma narrativa envolvente, e que mesmo demonstrando tanta crueldade e egoísmo, nos prende do início ao fim.

Um dos romances mais emblemáticos de todos os tempos. A ousadia de Brontë ao colocar como protagonista desta história o envolvimento entre uma mulher branca e um mouro e como isso resulta em todo restante da trama foi um escândalo para a época e continua sendo uma das questões mais discutidas sobre o livro. A história teve várias adaptações para o cinema e para televisão (detalhe: apenas uma trouxe um Heathcliff negro), originando até uma canção de sucesso, “Wuthering Heigths”, da cantora Kate Bush em 1978, regravado pela banda de power metal Angra em 1993. Um dos meus  livros favoritos, que recomendo prontamente! Boa Leitura!