04/01/2012

Eu, Christiane F. 13 anos, Drogada, Prostituída...

Livro: Eu, Christiane F. 13 anos, Drogada, Prostituída...
Autor: Depoimentos recolhidos por Kai Hermann e Horst Rieck; Prefácio de Horst - Eberhard Richter
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 1978
Número de Páginas: 320

“O erro mais grave dos pais é sempre achar que os filhos ainda não chegaram a esse ponto. Eu devia ter feito alguma coisa quando constatei que Christiane se isolava cada vez mais do convívio do lar, mas nada fiz. Simplesmente aceitava a realidade.”
O livro conta a história verídica de Christiane F., uma alemã menor de idade, que se envolveu a partir dos 12 anos no mundo das drogas e da prostitução, na década de 70. A obra intercala o depoimento de Christiane com o de sua mãe, de policiais que tiveram contato com a menina, e de psicólogos. Os depoimentos de Christiane vão desde a sua chegada a Berlim em 1968, com o pai, a mãe e a irmã mais nova. Ela conta como foi difícil sua infância pobre, morando num conjunto habitacional em Kreuzberg, apanhando do pai bêbado, e a falta de lazer para crianças. Até então tinha 6 anos.
Aos 12 anos, após se mudar com a mãe para outro apartamento, abandonando o pai, Christiane começou a conviver com um grupo de crianças e adolescentes que frequentavam o único centro de divertimento para jovens, no bairro de Groppiusstadt, ou como ela mesma chama, o conjunto Gropius. Lá ela teve contato com drogas como o haxixe e medicamentos como Valium e Mandrix, além de LSD. Queria fazer parte da turma “descolada e inteligente”, que ela acreditava ter um ar superior. Até aí foi o menos pior que lhe aconteceu.

Aos 13 anos, passou a frequentar uma discoteca que era novidade na cidade, a Sound, conhecida como “a mais moderna da Europa”. Ali conheceu Detlef, seu futuro namorado, além de outras crianças, como Babsi, Axel, Stella e Atze. Conheceu também a “H”, uma nova droga, que apesar de temida pelo seu alto poder de viciar e por representar alto risco de morte, todos os amigos de Christiane acabaram viciando-se, inclusive Detlef. Christiane inalou heroína pela primeira vez aos 13 anos, num show de David Bowie, ídolo musical da época. Depois, começou a se “picar” num banheiro da estação Zoo. Foi aí que começou toda sua desgraça.

Com o avançar do vício, mesmo dizendo que ela tinha consciência e quando quisesse parava, começou a se prostituir na estação Zoo e na Kurfürstenstrasse para comprar heroína. Ela detestava o ato de se prostituir, então não fazia nada mais do que sexo oral, no início. Com a necessidade de se picar três vezes por dia, passou a aceitar até imigrantes, e a praticar sexo dentro de carros. Os tempos de prostituição duraram de 1976 a 1977, quando foi presa e acusada de tráfico e consumo de drogas.

Durante seu julgamento num tribunal de infância e juventude, os jornalistas Kai Hermann e Horst Hieck ficaram fascinados com seu depoimento sobre o vício e propuseram a ela uma entrevista que a princípio era para ser 2 horas, mas acabou se estendendo por 2 anos e deu base para o famoso livro, lançado em vários países, incluindo Brasil. Acabou virando filme posteriormente. Christiane ficou um tempo “limpa”, quando começou a morar com a família da mãe em novembro de 1977, num vilarejo em Hamburgo. Aos 46 anos voltou a tomar drogas pesadas.

O livro trata de uma desgraça que nossa sociedade recalca em sua consciência: a questão dos tóxicos e da prostituição entre os adolescentes. Eu particularmente gostei muito do livro, mostra que o vício não é uma coisa que vem somente de fora, mas gerados pela nossa própria sociedade. O caminho que leva as drogas vem de um conjunto de problemas estreitamente relacionados, como as condições de habitação, crises entre os pais, falta de lazer e instrução devida. Recomendo (para maiores de 16 anos, claro)! Boa leitura! 


Um comentário:

  1. Livros que mostram a dura realidade são quase sempre bastante aclamados. E esse parece ser muito bom mesmo.
    Gostei do post!

    P.S: Estou esperando o post sobre Carpe Diem. ;]

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