06/03/2012

Livro: O Nome da Rosa


Livro: O Nome da Rosa
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Ano: 1980
Número de Páginas: 573

“’Não havia uma trama’, disse Guilherme, ‘e eu a descobri por engano. ’”.
O Nome da Rosa foi o livro que tornou o escritor italiano Umberto Eco mundialmente conhecido, tendo sido lançado em 1980. Foi seu livro de estreia no mundo da literatura, e é considerado um dos mais respeitados teóricos da semiótica (estudo dos signos linguísticos e da semiose).

O livro é dividido em sete dias e cada dia se subdivide em períodos correspondentes às horas litúrgicas (Matinas, Laudes, Prima, Terça, Sexta, Noa, Vésperas e Completas). Sua história se passa num mosteiro durante a Idade Média, na última semana de novembro de 1327 d.c., onde existe a suspeita de heresia. O enredo gira em torno de uma série de crimes misteriosos, cometidos dentro do mosteiro.

Com a suspeita de heresia, é enviado ao mosteiro um ex-inquisidor, frei Guilherme (ou William) de Baskerville, juntamente com seu pupilo Adso de Melk, para realizar as devidas investigações. Porém sua missão é interrompida por sete excêntricos assassinatos de sete monges, em sete dias e sete noites, cada um em um dia. Com ares de Sherlock Holmes, frei Guilherme e seu pupilo Adso vão fundo nas investigações dos crimes, apesar da resistência de alguns religiosos do local. Os crimes se irradiam a partir da biblioteca do mosteiro - a maior biblioteca do mundo cristão, cuja riqueza ajuda a explicar o título do romance: "o nome da rosa" era uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder das palavras. Nessa biblioteca secreta, são mantidas obras apócrifas, ou seja, obras que não seriam aceitas em consenso pela igreja cristã da Idade Média.

Um fato interessante sobre o livro, é que logo no início, numa espécie de prefácio, o autor diz que o livro é baseado num manuscrito que ele diz ter recebido de presente, e que trata-se dos manuscritos de Adso, principal personagem e narrador do livro. Uma jogada de mestre. Vale ressaltar que isso é somente um recurso literário utilizado para dar um tom de veracidade ao romance - como se os “fatos” narrados, todos aqueles crimes misteriosos, tivessem mesmo acontecido. Claro que alguns fatos relacionados ao modo de pensar e agir da Igreja Católica (vale ressaltar: da Idade Média) eram baseados em fatos reais. Outro fato  interessante que auxilia o leitor, são os subtítulos dos "capítulos" do livro, que são uma espécie de resumo do que vai acontecer.

O autor faz desse romance uma homenagem à Sir Arthur Conan Doyle e seu livro O Cão dos Baskervilles. Como você pode perceber, os personagens seriam um anagrama de Sherlock Holmes e Dr. Watson. Há ainda um personagem que homenageia o poeta e escritor Jorge Luis Borges (o personagem Jorge de Burgos também  é cego) e há também um enredo que encerra uma busca por uma obra de Aristóteles sobre a natureza do Riso, que colidiria com os princípios da Igreja Católica Medieval.

Acredito que o livro peca em algumas coisas, como o fato de possuir um linguajar arcaico (apesar de ter sido escrito em 1980), com muitas palavras de difícil significado, e, para mim a pior parte, cheio de passagens em latim. Creio que faltaram aí algumas notas de rodapé com as traduções dessas passagens, ou mesmo um apêndice com essas traduções (provavelmente culpa da editora). Mas, acredito que as intenções de Eco eram com tudo isso, trazer um pouco de veracidade ao seu livro. Uma história tão fascinante não podia levar a outra coisa que não fosse a um filme, homônimo, dirigido por Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery como frei Guilherme e Christian Slater como Adso. O filme não é muito fiel ao livro, mas foi feito assim justamente com essa intenção. O que Annaud propõe é um novo olhar sobre a obra, uma interpretação dele.

Um espetacular sucesso, O Nome da Rosa não é apenas uma narrativa sobre investigações de crimes, mas também uma extraordinária crônica sobre a Idade Média, época onde tudo era considerado heresia, bruxaria, pecado mortal, inclusive rir. Eu recomendo! Boa Leitura!

P.S.: Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus. ;)


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