Livro: O Nome da Rosa
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Ano: 1980
Número de Páginas: 573
“’Não havia uma trama’, disse Guilherme, ‘e eu a descobri por engano. ’”.
O Nome da Rosa foi o livro que
tornou o escritor italiano Umberto Eco mundialmente conhecido, tendo sido
lançado em 1980. Foi seu livro de estreia no mundo da literatura, e é
considerado um dos mais respeitados teóricos da semiótica (estudo dos signos linguísticos
e da semiose).
O livro é dividido em sete dias e
cada dia se subdivide em períodos correspondentes às horas litúrgicas (Matinas,
Laudes, Prima, Terça, Sexta, Noa, Vésperas e Completas). Sua história se passa
num mosteiro durante a Idade Média, na última semana de novembro de 1327 d.c., onde
existe a suspeita de heresia. O enredo gira em torno de uma série de crimes
misteriosos, cometidos dentro do mosteiro.
Com a suspeita de heresia, é
enviado ao mosteiro um ex-inquisidor, frei Guilherme (ou William) de
Baskerville, juntamente com seu pupilo Adso de Melk, para realizar as devidas
investigações. Porém sua missão é interrompida por sete excêntricos
assassinatos de sete monges, em sete dias e sete noites, cada um em um dia. Com
ares de Sherlock Holmes, frei Guilherme e seu pupilo Adso vão fundo nas investigações
dos crimes, apesar da resistência de alguns religiosos do local. Os crimes se
irradiam a partir da biblioteca do mosteiro - a maior biblioteca do mundo
cristão, cuja riqueza ajuda a explicar o título do romance: "o nome da
rosa" era uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder
das palavras. Nessa biblioteca secreta, são mantidas obras apócrifas, ou seja,
obras que não seriam aceitas em consenso pela igreja cristã da Idade Média.
Um fato interessante sobre o
livro, é que logo no início, numa espécie de prefácio, o autor diz que o livro
é baseado num manuscrito que ele diz ter recebido de presente, e que trata-se
dos manuscritos de Adso, principal personagem e narrador do livro. Uma jogada
de mestre. Vale ressaltar que isso é somente um recurso literário utilizado
para dar um tom de veracidade ao romance - como se os “fatos” narrados, todos
aqueles crimes misteriosos, tivessem mesmo acontecido. Claro que alguns
fatos relacionados ao modo de pensar e agir da Igreja Católica (vale ressaltar:
da Idade Média) eram baseados em fatos reais. Outro fato interessante que auxilia o leitor, são os subtítulos dos "capítulos" do livro, que são uma espécie de resumo do que vai acontecer.
O autor faz desse romance uma
homenagem à Sir Arthur Conan Doyle e seu livro O Cão dos Baskervilles. Como você
pode perceber, os personagens seriam um anagrama de Sherlock Holmes e Dr.
Watson. Há ainda um personagem que homenageia o poeta e escritor Jorge Luis Borges (o personagem Jorge de
Burgos também é cego) e há também um enredo que encerra uma busca por uma
obra de Aristóteles sobre a natureza do Riso, que colidiria com os princípios
da Igreja Católica Medieval.
Acredito que o livro peca em
algumas coisas, como o fato de possuir um linguajar arcaico (apesar de ter sido
escrito em 1980), com muitas palavras de difícil significado, e, para mim a
pior parte, cheio de passagens em latim. Creio que faltaram aí algumas notas de
rodapé com as traduções dessas passagens, ou mesmo um apêndice com essas
traduções (provavelmente culpa da editora). Mas, acredito que as intenções de Eco eram com tudo isso, trazer um
pouco de veracidade ao seu livro. Uma história tão fascinante não podia levar a
outra coisa que não fosse a um filme, homônimo, dirigido por Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery como frei Guilherme e Christian Slater como Adso. O filme
não é muito fiel ao livro, mas foi feito assim justamente com essa intenção. O que
Annaud propõe é um novo olhar sobre a obra, uma interpretação dele.
Um espetacular sucesso, O Nome da
Rosa não é apenas uma narrativa sobre investigações de crimes, mas também uma
extraordinária crônica sobre a Idade Média, época onde tudo era considerado
heresia, bruxaria, pecado mortal, inclusive rir. Eu recomendo! Boa Leitura!
P.S.: Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus. ;)
Rosa OSA
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ExcluirEu tenho este livro há anos e ainda não li. Sua resenha me animou Milas. Beijos
ResponderExcluirhttp://jusemfrescura.blogspot.com.br/