Autor: Clarice Lispector
Editora: Nova Fronteira
Ano: 1977
Número de Páginas: 98
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥
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“(...) Assim como havia sentença de morte, a cartomante lhe decretara sentença de vida. Tudo de repente era muito e muito e tão amplo que ela sentiu vontade de chorar. Mas não chorou: seus olhos faiscavam como o sol que morria. Então ao dar o passo de descida da calçada para atravessar a rua, o Destino sussurrou veloz e guloso: é agora, é já, chegou minha vez! E enorme como um transatlântico o Mercedes amarelo pegou-a (...)”.
Com certeza seu pai ou sua mãe já falou ou citou algo sobre Macabéa.
Com um nome tão excêntrico, Macabéa é a heroína de A Hora da Estrela de Clarice
Lispector – último livro publicado da autora ucraniana naturalizada brasileira.
Mas como a heroína de Jane Austen em A Abadia de Northanger, Macabéa não
produziu nenhum feito heroico, é de uma timidez horrenda, mal fala direito, não
possui atrativos e muito menos beleza. É apenas uma retirante alagoana que
tenta sobreviver no Rio de Janeiro, tendo suas desventuras narradas por um
escritor chamado Rodrigo S.M., auter-ego de Clarice.
Macabéa é alagoana, virgem,
ignorante, tem dezenove anos e diz-se "datilógrafa". Veio para o Rio
de Janeiro com uma tia que cuidava dela desde os dois anos de idade. Quando a
tia morre, Macabéa muda-se para um quarto que divide com quatro moças que
trabalhavam nas Lojas Americanas: Maria da Penha, Maria Aparecida, Maria do Rosário José e
Maria. A única distração da moça era ouvir o rádio, hábito que aliviava sua
solidão. Sua alimentação era à base de cachorro quente e coca-cola, e mal
tomava banho. Raimundo, patrão de Macabéa, avisa-lhe que vai despedi-la, pois a
moça comete muitos erros na datilografia, e que vai manter no trabalho apenas
Glória, colega de Macabéa, considerada sensual e bonita. A reação da garota, de
se desculpar pelo aborrecimento causado, acaba desarmando Raimundo, que decide
mantê-la por mais um tempo.
Num belo dia de chuva, Macabéa
encontra com Olímpico de Jesus, que dizia ser metalúrgico e paraibano. Olímpico
era ambicioso, capaz de qualquer ato para crescer socialmente. Até que ele
conhece a Glória, que é filha de um açougueiro, e resolve terminar seu relacionamento (pasmem, os
dois namoraram, aqueles namoricos de pegar na mão só) com Macabéa.
Com o rompimento, Macabéa tem um "momento revoltz", compra um batom vermelho e pinta os lábios no banheiro da firma
em busca da identidade tão desejada: a atriz Marilyn Monroe. Glória zomba da
colega, contudo resolve convidá-la para um lanche em sua casa no domingo. Como
tem sentido fortes dores constantemente, Glória indica um médico para Macabéa.
Esta, ao consultar-se com o dito cujo, é destratada por causa de sua classe
social, porém por ser muito bobinha, acaba é agradecendo a consulta. Descobre
então que tem tuberculose, mas não conta a ninguém.
Quando ela volta a falar com
Glória, esta percebe sua tristeza e lhe indica uma cartomante, Madame Carlota,
como forma de consolo. Minutos antes da consulta de Macabéa, Madame Carlota previu
o futuro de outra moça, dizendo que esta seria atropelada por um carro e
morreria. Macabéa ouve, mas ainda consulta-se com a cartomante, que prevê um
futuro maravilhoso para ela, onde conheceria um loiro rico com quem se casaria,
assim que saísse. Macabéa se entusiasma com as previsões e... Bom, para saber o
que acontece no futuro de Macabéa, leia o livro, porque eu é que não vou soltar spoiler.
O livro possui duas temáticas:
uma obra sobre a vida de uma retirante na cidade grande, mas também uma
reflexão sobre o papel do escritor na sociedade. A Hora da Estrela virou filme
em 1985, com Fernanda Montenegro como a cartomante Madame Carlota e Marcélia
Cartaxo como Macabéa. Um livro que mexe com o psicológico, que trata de várias
temáticas sociais, como preconceito, pobreza, a ilusão nordestina de tentar
mudar de vida na cidade grande, etc. Vale a pena ler. Boa leitura!
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