16/07/2014

Livro: Senhora


Título: Senhora
Autor: José de Alencar
Editora: Martin Claret
Ano da Primeira Publicação: 1875
Número de Páginas: 256
Minha avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥

"Há mulheres assim, a quem um perfume de tristeza idealiza. As mais violentas paixões são idealizadas no exílio."

Publicado em 1875 num Brasil Imperial, Senhora, do escritor José de Alencar, foi um dos últimos romances antes da morte do autor, dois anos depois. Assim como Lucíola e A Viuvinha, é um romance de caráter urbano e que traz o conflito entre o amor e o interesse.

Sinopse: Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira e órfã de pai, apaixonou-se por Fernando Seixas – homem ambicioso - a quem namorou. Este, porém, desfez a relação, movido pela vontade de se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral, e pelo dote ao qual teria direito de receber. Passado algum tempo, Aurélia, já órfã de mãe também, recebe uma grande herança do avô e ascende socialmente. Passa, pois, a ser figura de destaque nos eventos da sociedade da época. Dividida entre o amor e o orgulho ferido, ela encarrega seu tutor e tio, Lemos, de negociar seu casamento com Fernando por um dote de cem contos de réis. O acordo realizado inclui, como uma de suas cláusulas, o desconhecimento da identidade da noiva por parte do contratado até as vésperas do casamento. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando se sente um felizardo, pois, na verdade, nunca deixara de amá-la. E abre seu coração para ela. A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter. Dormiram em quartos separados. Aurélia não só não pretende entregar-se a ele, como aproveita as oportunidades que o cotidiano lhe oferece para criticá-lo com ironia. Durante meses, uma relação conjugal marcada pelas ofensas e o sarcasmo se desenvolve entre os dois. Fonte: Skoob.
Dividido em quatro capítulos (O Preço, A Quitação, A Posse e O Resgate), Senhora reflete em sua linguagem rebuscada, usos e costumes da sociedade carioca burguesa no período em que o Brasil ainda era uma colônia portuguesa. Aurélia é a típica heroína do Romantismo: jovem, linda, personalidade forte ao mesmo tempo que é delicada, tem estudo e conhece as Artes. Ainda assim podemos considerá-la um escândalo para os padrões da época, pois mesmo com todas essas características femininas, Aurélia tem controle sobre sua vida e seu próprio dinheiro; apesar do tutor (apenas pelo fato de ser órfã menor de idade, tinha 19 anos), é ela quem toma suas próprias decisões. Em pleno século XIX, numa sociedade onde as mulheres mal existiam como indivíduos e mal eram consideradas cidadãs, a personagem tem ares de feminista, ao modo do autor claro. Aurélia não se rende, faz com que se rendam a ela. 

Uma obra fascinante, que perpassa os séculos e continua uma obra-prima da literatura nacional. Já foi tema de filmes e novelas, e já originou debates e teses de doutorado, assim como Capitu de Machado de Assis, por seu comportamento libertário. Um livro recomendadíssimo nas escolas e universidades, apesar de ser recomendado de uma forma errônea. Um livro como esse não deve ser leitura imposta, deve-se fazer surgir a vontade de lê-lo. Obrigatório sim, mas apenas como necessidade de conhecer uma obra maravilhosa, e não porque vai "cair na prova". Uma pena que livros clássicos da literatura brasileira sejam vistos pelos jovens como chatos; vamos repensar a didática, viu professores? E pais, por favor, incentivo à leitura, é disso que estamos precisando! Boa leitura!


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