Filme: Um Lugar Silencioso

Título: Um Lugar Silencioso (A Quiet Place)

Gênero: Terror Psicológico, Drama, Thriller

Direção: John Krasinski

Produção: Michael Bay

Estúdio: Paramount

Elenco: John Krasinski (Lee Abbott), Emily Blunt (Evelyn Abbott), Millicent Simmonds (Regan Abbott), Noah Jupe (Marcus Abbott), Cade Woodward (Beau Abbott).

Ano de Estreia: 2018

Duração:  95 minutos

Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Sssshhhhh!!🤫 Se eles te ouvirem, você é perseguido! É essa a chamada principal do filme Um Lugar Silencioso, que estreou dia 05 de abril nos cinemas. Dirigido e atuado por John Krasinski, e também estrelado por sua esposa Emily Blunt (de A Garota no Trem e O Diabo Veste Prada), Um Lugar Silencioso deu o que falar (irônico, eu sei) e já se tornou um fenômeno de bilheteria - merecido. E nem parece que contou com Michael Bay - o diretor/produtor rei das explosões cinematográficas - em sua produção tão muda. Sente-se bem quietinho ai no seu sofá/cadeira/cama, enquanto eu lhe conto porque você deve ir - sem fazer barulho - urgentemente ao cinema mais próximo assistir a esse filme.

Não se deixe enganar pelo fato do longa se passar, majoritariamente, em silêncio. Como dizia painho, a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro... Em vez de entediante, se prepare para fortes emoções. Ele quase não possui falas e, o mais legal, os personagens se comunicam por linguagem de sinais. O motivo? A Terra foi invadida por seres que ninguém sabe de onde veio (pelo menos não é detalhado no filme - mas o diretor já avisou que são E.T.s) que te devoram vivo. Cegos e desprovidos de olfato, essas criaturas se orientam pelo som. Sua audição é super sensível e qualquer barulhinho as atrai. Então, pra sobreviver, você precisa permanecer em silêncio absoluto. Agora tente fazer isso com uma família inteira, pai, mãe, e três CRIANÇAS...

Principalmente quando uma delas é pequena e ainda não compreende que ligar um brinquedo movido a pilhas pode ser fatal. É isso que acontece com a família Abbott. Em 2020, após o surgimento desses monstros, Lee e Evelyn Abbott (Krasinski e Blunt) tentam sobreviver no mais perfeito silêncio e proteger seus três filhos, Regan, Marcus e o mais novinho, Beau. Eles vivem numa fazenda, cheios de regras para não produzir nenhum som que possa atrair as criaturas, como viver no porão, não utilizar nenhum aparelho elétrico que produza sons, andar descalços em marcas pintadas no assoalho, e ao ar livre, sobre caminhos de areia feitos por eles mesmos. Luzinhas coloridas foram presas pela fazenda, para serem usadas como comunicação, e vermelho indica perigo. O único lugar seguro para se conversar é ao lado de uma cachoeira bem barulhenta, para abafar o som da sua voz.

Certo dia, enquanto procuravam suprimentos na cidade já revirada e deserta, Beau encontra um foguete de brinquedo. Seu pai o proíbe de leva-lo consigo, já que o brinquedo emitia barulhos ao ser ligado com pilhas. Mas sua irmã mais velha, Regan - que é surda, a propósito - devolve o foguete sem as pilhas, escondido dos pais, pensando estar trazendo um pouco de alegria à vida do irmãozinho. O menino, é claro, recupera as pilhas do brinquedo sem que ninguém veja. E ai vou deixar vocês imaginarem o que acontece.

Um anos depois, os quatro seguem suas vidas com as mesmas regras de sempre. O pai tenta a todo custo se comunicar com outros possíveis sobreviventes por ondas de rádio, sem sucesso. Enquanto tenta, também, construir um bom aparelho auditivo para sua filha, pois imagine viver num mundo em que você não pode fazer barulho, mas não escuta se você está fazendo barulho... Só que até o momento, nenhum dos aparelhos funcionou. Regan então se sente frustrada com a impossibilidade de ouvir, amargurada acreditando que seu pai a culpa pelo que aconteceu um ano antes (e se culpando também), e ainda por cima com os hormônios adolescentes aflorando. Muita coisa para uma menina suportar.

Mas os problemas da família não param por aí. Evelyn está grávida novamente, e uma das maiores preocupações de todos é como será o parto sem poder fazer barulho, e como manter um bebê, que vai grunhir e chorar o tempo todo, a salvo da audição das criaturas. E o mais legal de Um Lugar Silencioso é que essas preocupações dos personagens se tornam nossas também.

A atmosfera tensa e angustiante do filme acaba por atingir os telespectadores. Ninguém se movia na sala do cinema quando eu assisti segunda-feira passada. E os relatos em outros cinemas, ao redor do mundo, são os mesmos. O barulho da pipoca foi reduzindo. Conversas paralelas? Zero. Parecia que se a gente fizesse qualquer som, as criaturas apareceriam na sala do cinema pra nos atacar ou que iríamos contribuir pra que elas aparecessem e devorassem a família no filme. Mesmo depois que acabou, eu continuei sussurrando ao conversar com meu namorado, saindo do shopping, ainda impactada pela tensão do filme.

A união da família também é muito bem retratada no filme e é peça importante para manter todo mundo a salvo. O menino Marcus, interpretado por Noah Jupe (a cara de um primo meu, mas não sei porque eu tô falando isso) - que já apareceu no filme Suburbicon (2017), ao lado de Matt Damon e Juliane Moore, e Extraordinário (2017), com Jacob Trembley, Orwen Wilson e Julia Roberts - pra mim, deu um show de interpretação. Não preciso nem falar de Blunt, diva maravilhosa, que desempenhou super bem seu papel, em uma situação tão agoniante (assista e entenda). Esse filme, com uma divulgação  pré-estreia quase tão silenciosa quanto ele, ganhou proporções inimagináveis.

Eu estava precisando de um filme de terror tão bom como esse! Já estava sentindo falta. E o melhor, conseguiram produzir um filme de terror aflitivo, em que a tensão está justamente no silêncio, ou melhor, na possibilidade de se romper o silêncio; sem muitos jumpscares (aqueles sons clichês em filme de terror que te fazem pular de susto), sem aquele medo de atravessar um corredor de noite e dar de cara com o demo (a não ser é claro, o medo de pisar em uma tábua que range), nada de ir lá fora verificar que barulho foi aquele - até porque, nada de barulhos, barulhos são fatais nesse filme. Foi uma experiência única, a direção estreante de Krasinski está sendo super elogiada e com razão. Será que teremos um Oscar de melhor roteiro original?

A Quiet Place quase fez parte da franquia Cloverfield, mas quando o script foi entregue a Paramount, eles o enxergaram como um filme diferente, segundo os roteiristas. Ainda bem, pois o filme acabou sendo algo novo e único, e não mais um dentro de uma série de filmes. Meus parabéns a toda equipe, produtores, atores, até ao moço da faxina! Agora, corre e vai comprar logo teu ingresso! Mas cuidado para não derrubar alguma coisa no caminho, todo silêncio é pouco...

Trailer:

Ah, uma última dica pra vocês: olhem sempre por onde pisam. Num mundo pós-apocalíptico como esse, pisar em um prego já não é muito bom, e sem poder xingar até a última distribuição eletrônica do Ferro, é pior ainda.