27/02/2018

Filme: Dheepan - O Refúgio

Título: Dheepan - O Refúgio
Direção: Jacques Audiard
Estúdio: M3 Film
Co-produção: Why Not Production, Page 114 e France 2 Cinema
Distribuição Brasileira: California Filmes
Gênero: Drama
Elenco: Antonythasan Jesuthasan (Dheepan), Kalieaswari Srinivasan (Yalini), Claudine Vinasithamby (Illayaal), Vincent Rottiers (Brahim), Faouzi Bensaïdi (Sr. Habib), Marc Zinga
(Youssouf), Joséphine de Meaux (Diretora da escola), Sandor Funtek (Gardien).
Duração: 115 minutos
Ano de lançamento: 2015
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Você já deve ter visto ou lido algo sobre a questão da imigração na Europa. Todo ano, milhares de pessoas deixam seus países de origem, principalmente na Ásia e África, e rumam para países europeus em busca de uma vida melhor, ou simplesmente por uma questão de sobrevivência (já que muitos países e regiões vivem em guerra, entre si ou civil, nos dois continentes citados - é o caso do Oriente Médio, por exemplo). A França é um dos mais buscados, por sua situação econômica favorável. Mas quando esses imigrantes chegam a estes países, o que acontece com eles? Como vivem? Onde trabalham? Como conseguem um lar para morar?

É o que vemos no filme de Jacques Audiard. Dheepan - O Refúgio é uma história de ficção, porém, tenta mostrar o drama e as dificuldades que passa uma "família" de refugiados recém-chegada na França, oriunda do Sri Lanka, país insular localizado ao sudeste da Índia, que viveu 26 anos (1983-2009) de uma guerra civil entre o governo do Sri Lanka e os Tigres da Libertação Tâmil Eelam (TLLE - uma organização armada separatista que lutava pela criação de um estado independente). 


Dheepan (Jesuthasan Antonythasan), é um guerrilheiro tâmil que desistiu de lutar contra o governo do Sri Lanka, dominado pela etnia cingalesa. Yalini (Kalieaswari Srinivasan) é uma mulher que procura desesperadamente por uma criança que não tenha família e encontra Illayaal (Claudine Vinasithamby), uma órfã. Sua busca se dá pelo motivo de que só fingindo serem uma família, os três, juntos, conseguiriam fugir para a França, uma oportunidade de ouro para três pessoas que tinham como única perspectiva morrer num país devastado pela guerra. 


Na França, os três precisam agir como se fosse parentes para poderem sobreviver, além de precisarem aprender o francês, se adaptarem a uma nova cultura, arranjarem um emprego e uma casa para morarem, seguirem novas regras sociais, entre outras coisas que não constavam no dia-a-dia cingalês. Depois de muito batalhar como vendedor ambulante e correndo o risco de ser preso pela polícia por isso, Dheepan consegue um emprego de zelador de um edifício num bairro simples do subúrbio francês. Os três se mudam para uma casinha em um condomínio no local, onde também conseguem um emprego de cuidadora de um senhor doente para Yalini (que paga um salário mensal de 500 euros, valor inimaginável para a realidade que eles viviam no Sri Lanka), e matriculam Illayaal numa escola, onde ela aprimora seu francês, já que é a única dos três que melhor compreende e fala a língua nova.


Como se não bastassem todos esses desafios, os três se deparam com mais um: com o passar do tempo, eles percebem que algumas particularidades do lugar lembram situações de seu país de origem. O condomínio é dominado por uma gangue de traficantes, e num belo dia um conflito entre gangues faz a segurança do bairro ser posta à prova, provocando medo em nossos protagonistas, de forma diferente: Yalini quer mais do que nunca se mudar para a casa de uma prima na Inglaterra, afinal fugir de uma guerra para não ser morta para correr o mesmo risco em outra não lhe parece atraente, enquanto Dheepan precisa enfrentar seus próprios medos interiores, nascidos na época em que lutava na guerra, e reacesos durante a tensão ocorrida no local onde agora reside. 


A maior parte do longa é focada justamente na interação forçada do trio, para que possam sobreviver. Como não possuem nenhum vínculo verdadeiro, a priori, vários problemas de convívio surgem, e algumas vezes, vontade de abandonar toda a mentira inventada. Outro detalhe interessante desse filme, é a exposição que Jacques dá à violência nos subúrbios de Paris, tendo coragem para compará-la com a guerra enfrentada no Sri-Lanka. Os três meio que saem de uma guerra em busca de uma vida melhor, e vão parar em outra. Mesmo sendo um país de 1º mundo, a selvageria também existe em seio francês. C'est la vie!


Ganhador de uma Palma de Ouro, Dheepan possui fotografia e atuações impecáveis. Virei fã da atriz que interpreta Yalini. Com uma história de fundo social bastante relevante, que enfia o dedo em uma ferida que só tem aumentado nos últimos anos, Dheepan é um ótimo filme que encontra seu lugar no cenário político atual. É um filme daqueles que te deixa pensativo do início ao fim, e ainda depois que ele termina.

Trailer legendado:



Esse filme foi um dos três escolhidos para o Vestibular da UESB 2018. O próximo a ser resenhado é Terra em Transe (com direção de Glauber Rocha). Leia a resenha de Jonas e o Circo Sem Lona AQUI.


2 comentários:

  1. Três imigrantes que estão a procura de melhores oportunidades e até paz,mas que infelizmente não encontram o que tanto queriam.
    Essa é a realidade de muitos não é?!
    Filmes como esse ,mostram o quanto essas pessoas sofrem.
    E acredito que poucos conseguem uma vida melhor.

    Achei Mariana sua dica muito importante!
    E acho que esse filme vale a pena ser visto por todos.

    ResponderExcluir
  2. Ache o filme muito realista Afinal Imigrante procurando um novo lugar para viver a realidade e eu achei esse filme muito impactante de certas formas e de vários sentidos maravilhoso presenciar obras assim simplesmente adorei o filme

    ResponderExcluir

Nos diga o que achou:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...