02/10/2012

O Fantasma de Canterville


Livro: O Fantasma de Canterville
Autor: Oscar Wilde
Editora: Leya
Ano: 1891
Número de Páginas: 100

“A essa altura, o fantasma tinha perdido toda a esperança de algum dia assustar aquela grosseira família americana, contentando-se, usualmente, em esgueirar-se pelos corredores em chinelos com solas de tecido, com um espesso cachecol vermelho em torno do pescoço, temendo as correntes de ar, e levando um pequeno bacamarte*, para o caso de ser atacado pelos gêmeos.”
Quem tem pena de um pobre fantasma? São esses os primeiros dizeres da orelha desta edição do conto de Oscar Wilde, chamado O Fantasma de Canterville. Conta a história de um fantasma que há 300 anos assombra um castelo na Inglaterra, e um belo dia depara com novos moradores, que pelo visto não se espantam com sua presença.
Um diplomata americano chamado Hiram Otis e sua família se mudam para o castelo em 1890, sendo avisados de que um fantasma assombrava o velho lugar e jamais foi possível que alguém se demorasse por lá. Ignorando os avisos, a família americana, composta pelo pai, mãe, irmão mais velho, irmã do meio e dois gêmeos mais novos, se instala no lugar, não se importando com antigas lendas, afirmando que não passavam de sandices.


Certa noite o fantasma do Sir Simon Canterville, acusado de ser o assassino de sua esposa há 300 anos, resolve fazer sua primeira aparição desde a chegada da família americana à propriedade. Achando que estava abalando, eis que, para desespero da pobre alma, ninguém parece se importar com sua presença, muito menos assustarem-se, inclusive os gêmeos adoram provocá-lo, pregando peças, o deixando em um estado de depressão e mais assustado do que assustador. A entidade que antes era má e responsável por atos perversos se transforma, então, em um ser digno de pena, com toda a sua tradição em assombrações ignorada.

Oscar Wilde critica em seu conto uma sociedade industrial que se prende ao materialismo e ao consumismo, sem abrir espaço para o sentimentalismo e a beleza das coisas. O tratamento cruel que essa família dá ao pobre fantasma acaba por extinguir suas forças, dando fim à fantasia, à arte. O próprio fantasma é uma crítica aos ingleses da época, que se consideravam superiores, devido a sua antiguidade e ser membro da nobreza, ter sangue azul.

Recheado de ironias (pra mim a melhor parte é quando o fantasma se assusta com a presença de outro “fantasma”), Wilde consegue censurar ambas as sociedades norte-americana e inglesa, uma por seu materialismo e racionalismo, e a outra por sua soberba. Leitura muito interessante, um clássico inglês. Recomendo e boa leitura!

* espécie de arma de fogo de cano largo e curto.

Por Mariana Oliveira


2 comentários:

  1. Gostei muito da capa, tem algo de Disney nela =)

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  2. Já tinha ouvido falar do livro, mas nunca me interessei para ler a sinopse. Adorei o contexto da história e pretendo lê-lo em breve. A capa do exemplar que foi postado me lembra muito as animações de Tim Burton.
    Adorei.
    Beeijos.

    bookaddictedblog.blogspot.com.br

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