11/01/2016

Crônicas Saxônicas Livro 7 - O Guerreiro Pagão




Título: O Guerreiro Pagão - Crônicas Saxônicas Livro 7
Autor: Bernard Cornwell
Editora: Record
Ano de Publicação: 2014
Número de Páginas: 335
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥

"Haverá um fim para a matança. Era o que eu dizia a mim mesmo enquanto cavalgava para Bebbanburg, para meu lar. Haverá um fim para a matança. Eu abriria caminho até a fortaleza trucidando quem surgisse na minha frente, depois fecharia os portões e deixaria o mundo cair em um caos de confrontos e voltar ao normal, mas estaria em paz dentro daquela alta muralha de madeira. Deixaria os cristãos e os pagãos, os saxões e os dinamarqueses lutarem uns contra os outros até não restar ninguém de pé, mas dentro de Bebbanbrug viveria como um rei e convenceria Æthelflaed a ser minha rainha. Mercadores viajando pela estrada costeira iriam nos pagar taxas, navios de passagem pagariam pelo privilégio, as moedas iriam se empilhar e nós deixaríamos a vida correr solta. Quando o inferno congelar."

Uhtred, filho de Uhtred, que é filho de Uhtred, mais uma vez arrumando confusão por onde passa. Podemos definir o início do sétimo livro das Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell assim. Tudo começa com um reino na mais santa paz, consequência da assunção do rei Eduardo, filho do rei Alfredo, ao trono, onde nosso querido guerreiro pagão parece ter deixado seus dias de glória no passado. Mas, como numa Guerra Fria do século IX, a Britânia mergulhou numa paz repleta de tensão e, embora a ameaça dinamarquesa ainda esteja presente, nenhum dos lados do conflito parece ter disposição para arriscar um confronto.

Mas Uhtred, esquentado como sempre e pagão como sempre, se desentende com a Igreja, quando seu filho mais velho, Uhtred, resolve assumir a batina. Para um adorador dos deuses antigos, isso é um ultraje e, ao tentar subjuga-lo para que escolha entre ser padre ou ser seu filho, Uhtred Pai mata acidentalmente um abade cristão muito popular. Pronto, a desgraça começa ai. Forçado a deixar suas terras, como um nômade expulso, hostilizado pela Igreja e desprovido da maioria dos seus guerreiro e aliados, Uhtred, agora com mais de 50 anos e praticamente um idoso de seu tempo, sente que chegou o momento de vingança: retomar sua fortaleza inexpugnável Bebbanburg, na Nortúmbria, que foi usurpada por seu tio Ælfric quando ele ainda era uma criança, lá nos primórdios de O Último Reino, quando foi tomado como filho pelo earl dinamarquês Ragnar.

Quarenta anos. Esse é o tempo que levou para Uhtred conseguir rever seu lar. E muita coisa aconteceu nesse período. Porém uma raiva, uma vontade, uma necessidade que sempre existiu em Uhtred, era retomar Bebbanburg e matar seu tio Ælfric. Quem leu os seis livros anteriores sabe muito bem disso. E agora, mesmo com praticamente zero condições de adentrar numa fortaleza que nem os saxões e muito menos os dinamarqueses conseguiram tomar, ele parte para cumprir seu mais antigo desejo.

Sabemos que Uhtred tem pleno entendimento de que as Nornas, as Fiandeiras do Destino, estão lá, sentadinhas na base da Yggdrasil (a árvore que sustenta nosso mundo) tecendo e fiando seu destino. Mas como o "Wyrd bið ful ãræd"*, o que ele não sabe é que elas estão mudando sua jornada e o levando a um poderoso e perigoso ardil, uma bela de uma treta capaz de reacender o confronto entre os saxões e os dinamarqueses, trazendo de volta muita matança e parede de escudos, e acabar com a "paz" que reina na Britânia.

Dei quatro corações para esse livro. Vou explicar o porquê: achei O Guerreiro Pagão um pouco se arrastando até mais da metade do livro, com poucas passagens mais ativas como quando Uhtred mata o tal abade, ou quando finalmente chega na Nortúmbria. Bem, dessa metade pro final, o livro surpreende e reacende. Nesse momento, pode esperar por muita parede de escudo, muito sangue, fedor, tripas, lanças, homens morrendo no calor da batalha, Finan, Bafo de Serpente e Ferrão de Vespa. Só não espere pelo primo de Uhtred, Ælthered de Mércia, que você praticamente não o verá nesse livro, o que pode ser uma coisa boa principalmente para quem o detesta como eu \o/. De qualquer forma, este sétimo volume faz parte dos meus favoritos como sempre acontece com todos de Crônicas Saxônicas rs. 

O final é MUITO LOUCO! NECESSITO LER O TRONO VAZIO LOGO! Se você ainda não leu o sétimo livro, quando você ler, vai entender o que quero dizer. E quem já leu, sabe do que estou falando quando digo que existe uma pergunta que não quer calar: apesar de Uhtred ser um personagem fictício, e a história real do surgimento da Inglaterra Antiga ter ocorrido sem ele, será que a saga Crônicas Saxônicas sobreviveria sem o seu protagonista? Afinal, ele tem mais de 50, já é um vovô praticamente, já poderia ter morrido como muitos de seus companheiros. Eu respondo esta pergunta com um NÃO bem sonoro, mas como o autor é o Cornwell, eu só posso esperar que ele concorde comigo. Boa leitura!

"E nós gritamos. Nós gritamos nosso grito de guerra, nosso brado de matança, nossa alegria em sermos homens que eram movidos pelo terror."

Resenhas anteriores de Crônicas Saxônicas:
6- Morte dos Reis.

Resenha da série The Last Kingdom AQUI.

* O destino é inexorável.


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