17/09/2014

Livro: A Bagaceira

Título: A Bagaceira
Autor: José Américo de Almeida
Ano da Primeira Publicação: 1928
Editora: José Olympio
Ano de Publicação Deste Volume: 2004
Número de Páginas: 153
Minha Avaliação: ♥ ♥ ♥

"Há muitas formas de dizer a verdade. Talvez a mais persuasiva seja a que tem a aparência de mentira."

Sei que andei muito sumida ultimamente desse blog. Estou com dois problemas para postar aqui: o primeiro é a falta de tempo que persiste em me impedir de postar, porque agora estou dando uma de Julius e tenho dois empregos; e o segundo, ligado ao primeiro, é a falta de livros lidos para escrever minhas resenhas (sim, já escrevi sobre todos que li). Como estou sem tempo até para ler, fica difícil escrever também rs. Mas vou tentar aparecer por aqui vez ou outra. E chega de delongas que ainda tenho um livro para resenhar para vocês. O livro de hoje é o romance A Bagaceira.

A Bagaceira é um romance do escritor José Américo de Almeida, publicado em 1928. É considerado o marco inicial do romance regionalista do Modernismo brasileiro. O enredo baseia-se na seca de 1898 e 1915, e trata das questões do êxodo rural, os horrores gerados pela seca, além da visão brutal e autoritária do senhor de engenho, representando a velha oligarquia. Tem caráter de crítica social e  foi importante base para as obras de autores como Graciliano Ramos (Vidas Secas), José Lins do Rego (Fogo Morto) e Rachel de Queiroz (O Quinze). É uma trágica história de amor que funciona como uma denúncia sobre a questão social no Nordeste.

"Bagaceira" era o lugar onde se largavam o bagaço da cana-de-açúcar nos engenhos. A palavra virou sinônimo de bagunça, baderna, esculhambação, coisas que não têm serventia etc. Por conta disso, figuradamente, "bagaceira" pode indicar um objeto sem importância, ou ainda, "gente miserável". Todos esses significados se podem mobilizar no entendimento de A Bagaceira, romance de ardor e violência, desavenças familiares e flagelações da seca.

O livro nos conta a história de um triângulo amoroso entre as personagens Soledade, Lúcio e Dagoberto. Soledade, menina sertaneja, uma retirante da seca, chega ao engenho de Dagoberto, pai de Lúcio, acompanhada de vários retirantes tangidos pelo sol implacável: Valentim, seu pai, Pirunga, seu irmão de criação e outros que fugiam da seca. Lúcio e Soledade acabam se apaixonando. A relação entre ambos ganha ares dramáticos no momento em que Dagoberto Marçau, o dono da fazenda, violenta Soledade e faz dela sua amante.

O trágico romance serviu apenas como pretexto para que José Américo de Almeida denunciasse a questão social no seu estado (Paraíba) e no Nordeste, em especial, o aspecto da seca e da necessidade da população. É feita também uma análise da vida dos retirantes que surgem nas bagaceiras dos engenhos, quando ocorrem as estiagens, não sendo bem vistos pelos brejeiros (trabalhadores fixos).

Além dos horrores da seca, da visão rústica dos sertanejos e da visão brutal do senhor Dagoberto, tem-se descrita também a visão civilizada (moderna, urbana) de Lúcio, que estudava Direito na cidade, traduzindo um novo comportamento de fundo burguês e que logo seria autorizado pela Revolução de 30. A personagem, ao assumir o comando do engenho, logo propõe um projeto de modernização: alfabetização dos filhos dos trabalhadores, melhores condições de habitação e de trabalho.

Por trazer à tona todas essas questões sociais, A Bagaceira tornou-se uma importante obra da literatura nacional, sendo ponto de partida para outras obras com o mesmo tom de romance regionalista, que também vieram a ser famosas. Boa leitura!


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